A Ogdoada de Hermópolis.
A Ogdoada de Hermópolis é o conjunto formado pelos oito gênios de Hermópolis que brotaram das ondas geladas: O Noum, oceano primordial que precede a existência do mundo segundo os egípcios.
Incluídos inicialmente neste não mundo disforme e desencarnado, eles acabaram por formar a vontade inicial da criação que vai dar a primeira centelha de vida. Eles são então agrupados em quatro pares, cada um formado por um deus e sua contraparte feminina, e são a personificação dos elementos do caos que precedeu a criação. Heh e Hehet, o infinito espacial e Kekou Kekout, trevas profundas, Noun e Nounet, o casal da água inicial e Amon e Amonet, o que está escondido. As quatro entidades masculinas tem cabeças de rãs e as femininas cabeças de serpentes. Todos são cobertas com cabeças de cães.
Um texto de Edfou relata sua aparição e seu efeito inicial sobre o organização do mundo:
"Ao seio do oceano primordial apareceu uma massa de terra. Sobre esta, os Oito vieram à existência. Eles fizeram aparecer um lotus de onde saiu Rá, semelhante à Shou. Então veio um broto de lótus do qual emergiu uma anã, auxiliar feminina necessária que Rá viu e desejou. De sua união nasceu Thoth que criou o mundo pelo Verbo."
Desde sua obra de criação, estes oito deuses originais repousam no mundo subterrâneo sob a colina de Medinet Habu (Djême), tradicionalmente localizado sob o santuário do pequeno templo da XVIII dinastia que ainda podemos aí visitar, e se encarregando diariamente do nascer do sol ou do curso do Nilo.
A cidade de Hermopolis tinha o nome egípcio de Khemenú (a cidade dos oito).
Eles representam assim o caos primordial do qual nasceu o sol.